quinta-feira, agosto 06, 2009

Origem de alguns ditados populares

JURAR DE PÉS JUNTOS:
- Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu.
A expressão surgiu através das torturas executadas pela Santa Inquisição, as quais
o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado
para dizer nada além da verdade. Até hoje o termo é usado para expressar a
veracidade de algo que uma pessoa diz.

MOTORISTA BARBEIRO:
- Nossa, que cara mais barbeiro!
No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de
cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos, etc, e por não
serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas. A partir daí,
desde o século XV, todo serviço mal feito era atribuído ao barbeiro, pela
expressão "coisa de barbeiro". Esse termo veio de Portugal, contudo a
associação de "motorista barbeiro", ou seja, um mau motorista, é tipicamente brasileira.

TIRAR O CAVALO DA CHUVA:
- Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje!

No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao
relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo nos
fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado
só poderia por o animal protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita
estava boa e dissesse: "pode tirar o cavalo da chuva". Depois disso, a expressão
passou a significar a desistência de alguma coisa.

À BEÇA:
- O mesmo que abundantemente, com fartura, de maneira copiosa. A origem do
dito é atribuída às qualidades de argumentador do jurista alagoano
Gumercindo Bessa, advogado dos acreanos que não queriam que o Território do
Acre fosse incorporado ao Estado do Amazonas.

DAR COM OS BURROS N'ÁGUA:
A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que
escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à
Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros,
devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões
alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo
passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para
conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.

GUARDAR A SETE CHAVES:
No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de
jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro
fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino.
Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado
devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões
primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo "guardar a sete
chaves" para designar algo muito bem guardado.

ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:
Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas
enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro
que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que
Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da
traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A partir
daí surgiu à expressão, usada para designar um lugar distante, desconhecido
e inacessível.

PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA:
A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das
tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma
de redenção de pecados.
Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi
sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto morreu.

PARA INGLÊS VER:
A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o
Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto,
todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis eram
criadas apenas "para inglês ver". Daí surgiu o termo.

RASGAR SEDA:
A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa,
surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Na
peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para cortejar
uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a moça
percebe a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue a seda, que se esfiapa."

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:
Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul
D`Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.
Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou
a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele
imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O
caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e
entrou para a história como o cego que não quis ver.

ANDA À TOA:
Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está à toa
é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca
determinar.

QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM GATO:
Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente
se dizia quem não tem cão caça como gato, ou seja, se Esgueirando,
astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.

DA PÁ VIRADA:
Mas a origem da palavra é em relação ao instrumento, a pá. Quando a pá está
virada para baixo, voltada para o solo, está inútil, abandonada
decorrentemente pelo homem vagabundo, irresponsável, parasita.

NHENHENHÉM:
Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil,
eles não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses
ficavam a dizer ``nhen-nhen-nhen``.

VAI TOMAR BANHO:
Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene
dos índios versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como
corolário dos contatos comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de
outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à nudez,
o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a sífilis e se
lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de árvore
para limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora, o
cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram
trocadas com freqüência e raramente lavadas, aliado à falta de banho,
causava repugnância aos índios. Então os índios, quando estavam fartos de
receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar banho".

ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM:
Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século
XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus
comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português. O capitão
reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu
do português a seguinte frase: "Vocês que são pardos, que se entendam". O
oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de dom
Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar
conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o oficial português que
estranhou a atitude do vice-rei. Mas, dom Luís se explicou: Nós somos
brancos, cá nos entendemos.

A DAR COM O PAU:
O substantivo "pau" figura em várias expressões brasileiras. Esta expressão
teve origem nos navios negreiros. Os negros capturados preferiam morrer
durante a travessia e, para isso, deixavam de comer. Então, criou-se o "pau
de comer" que era atravessado na boca dos escravos e os marinheiros jogavam
sapa e angu para o estômago dos infelizes, a dar com o pau. O povo
incorporou a expressão.

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA:
Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino
Ovídio (43 a.C.-18 d.C), autor de célebres livros como A arte de amar e
Metamorfoses, que foi exilado sem que soubesse o motivo. Escreveu o poeta:
"A água mole cava a pedra dura". É tradição das culturas dos países em que
a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de frase para que
sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com o provérbio
portugueses e brasileiros.